|
Primeira turma do curso de "Educação Patrimonial". |
Cidadãos de cinco bairros da região metropolitana de Belém, entre pessoas com deficiência, idosos e adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas, conquistaram a oportunidade de se profissionalizar. É a ação de “Educação Patrimonial” do Arquivo Público do Estado do Pará – APEP que iniciou as aulas nesta segunda-feira, 09.05, em Belém (PA).
O curso de capacitação faz parte do Projeto “Preservação e Acesso: Proposta de digitalização da documentação colonial existente no APEP”, realizado pela Associação dos Amigos do Arquivo Público do Pará – Arqpep em parceria com a Caixa Econômica Federal e a Secretaria de Estado de Cultura – Secult.
O primeiro contato dos alunos com o projeto foi na aula inaugural realizada na última semana no Teatro Gasômetro, onde tiveram a oportunidade de conhecer a história do Arquivo Público do Pará e as atividades que serão desenvolvidas por eles. A apresentação foi feita pela equipe da instituição formada pelo Diretor do APEP, Eduardo Pinheiro, a Coordenadora do Projeto, Ethel Soares, a Coordenadora Administrativa, Roseane Pantoja e o Coordenador do Setor de Gestão de Documentos, Leonardo Tori.
Inclusão social
As pessoas que irão participar do curso “Educação Patrimonial” foram indicadas a partir da parceria estabelecida entre o APEP e as Comunidades do Tenoné, da Marambaia, do Ponto de Memória da Terra Firme, do Distrito de Icoarací e da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará – Funcap.
|
Aula inaugural no Teatro Gasômetro |
Cada um irá receber um kit com bolsa, duas camisas, blocos de anotações e lápis, assim como uma ajuda de custo de R$40 reais para transporte e bolsa auxílio no valor de R$200 reais.
A aluna da Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle no Bairro da Terra Firme, Samanta da Silva Nazaré, cursa o 2º ano do ensino médio conta que foi escolhida por meio de sorteio em sala de aula e vê o curso como oportunidade profissional.
“Meu professor de História trabalha com restauração de documentos e contou um pouco como funciona, então fiquei curiosa. Vejo o curso como uma boa oportunidade no currículo e posso conseguir uma chance de trabalho na área”, conta a estudante.
Outro diferencial do projeto do APEP é a parceria com a Funcap, um exemplo é uma Adolescente de 15 anos que cumpre Medida Socioeducativa de Internação. Para a adolescentes, o curso de “Educação Patrimonial” é interessante por ser uma habilidade que poucas pessoas sabem.
“Gosto muito de participar de atividades lá e Aí pedi para a assistente social achar um curso e ela conseguiu. Restauração de documentos é algo completamente novo pra mim, um trabalho que nunca tinha ouvido falar e então é bom saber de algo que poucas pessoas sabem”, defende a adolescentes.
Oportunidade profissional
O curso do primeiro módulo tem início no próximo dia 09.05, e até março do próximo ano 120 pessoas, entre 14 e 65 anos, desenvolverão atividades dentro dos laboratórios do APEP orientadas pelos profissionais da instituição. Divididos em grupos de 20 pessoas por mês, esses alunos irão receber aulas sobre noções básicas de conservação e tratamento documental e formação de conceitos em torno do patrimônio histórico e cultural paraense.
Uma das parcerias é com a Escola Estadual de Ensino Fundamental Carlos Guimarães do bairro da Marambaia, que desenvolve atividades diversas para diferentes faixas de idades e indicou para o curso alunos com deficiência e idosos de até 65 anos. Para a Diretora da instituição, Cristina Arruda, o curso do APEP é um exemplo da necessidade do aluno procurar diversidade de conhecimento.
|
Laboratório de restauração do APEP |
“A escola tem que ter visão de aprendizagem como um todo e o aluno deve se preocurar com a diversidade de conhecimento. Isso pode transformar a realidade dele enquanto cidadão e sujeito de sua vida. Estão todos curiosos e ansiosos com isso e sem dúvida é uma janela que se abre”, falou a Diretora Cristina Arruda.
A Fundação da Criança e do Adolescente no Pará – Funcap também está presente no projeto com 30 adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas, dando oportunidade para esses jovens se reinserirem na sociedade por meio da capacitação profissional.
A Psicopedagoga da Coordenação de Articulação de Políticas Públicas da Funcap, Ana Célia Melo de Araújo, afirma que o objetivo da parceria com o APEP é estimular novos talentos.
“A nossa coordenadoria tem como objetivo buscar capacitação para os adolescentes que estão sob proteção da Funcap, e o Arquivo Público busca novos talentos, e quem sabe um deles pode se tornar profissional da área”, defende Ana Célia.
Para uma das Coordenadoras do Projeto e do Laboratório de Conservação e Restauro do APEP, Ethel Soares, as expectativas são as melhores possíveis já que é a oportunidade de estabelecer mão-de-obra qualificada na Amazônia.
“As minhas expectativas são as melhores, já que acreditamos muito nesse projeto. Uma das preocupações é quanto ao olhar dessas pessoas em relação à preservação do patrimônio. E espero que das 120 capacitações, pelo menos 30 deles trabalhem na área da preservação, tão escassa em nossa região”, argumenta Ethel Soares.
Sobre o projeto
A Associação dos Amigos do Arquivo Público do Pará (Arqpep) conquistou recurso para o projeto Preservação e Acesso: Proposta de digitalização da documentação colonial existente no APEP, por meio do Edital Caixa Cultural 2010, que entre as suas ações executa a restauração e digitalização de documentos da Secretaria de Governo da Capitania - período colonial do Brasil (1649 a 1823 - séculos XVIII, XIX e XX), além deste curso de Educação Patrimonial que terá inicio efetivo das aulas no próximo dia 02.05.
Os documentos do período colonial em poder do Estado do Pará é o acervo mais antigo e valioso do APEP, reconhecido pela UNESCO em 2010 como Patrimônio Documental da Humanidade.
Texto: Luciana Kellen / Ascom APEP – Arqpep