terça-feira, 10 de maio de 2011

Arquivo Público do Pará inicia curso de “Educação Patrimonial”


Primeira turma do curso de "Educação Patrimonial".

Cidadãos de cinco bairros da região metropolitana de Belém, entre pessoas com deficiência, idosos e adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas, conquistaram a oportunidade de se profissionalizar. É a ação de “Educação Patrimonial” do Arquivo Público do Estado do Pará – APEP que iniciou as aulas nesta segunda-feira, 09.05, em Belém (PA).

O curso de capacitação faz parte do Projeto “Preservação e Acesso: Proposta de digitalização da documentação colonial existente no APEP”, realizado pela Associação dos Amigos do Arquivo Público do Pará – Arqpep em parceria com a Caixa Econômica Federal e a Secretaria de Estado de Cultura – Secult.

O primeiro contato dos alunos com o projeto foi na aula inaugural realizada na última semana no Teatro Gasômetro, onde tiveram a oportunidade de conhecer a história do Arquivo Público do Pará e as atividades que serão desenvolvidas por eles. A apresentação foi feita pela equipe da instituição formada pelo Diretor do APEP, Eduardo Pinheiro, a Coordenadora do Projeto, Ethel Soares, a Coordenadora Administrativa, Roseane Pantoja e o Coordenador do Setor de Gestão de Documentos, Leonardo Tori.

Inclusão social
As pessoas que irão participar do curso “Educação Patrimonial” foram indicadas a partir da parceria estabelecida entre o APEP e as Comunidades do Tenoné, da Marambaia, do Ponto de Memória da Terra Firme, do Distrito de Icoarací e da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará – Funcap.
Aula inaugural no Teatro Gasômetro

Cada um irá receber um kit com bolsa, duas camisas, blocos de anotações e lápis, assim como uma ajuda de custo de R$40 reais para transporte e bolsa auxílio no valor de R$200 reais.

A aluna da Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle no Bairro da Terra Firme, Samanta da Silva Nazaré, cursa o 2º ano do ensino médio conta que foi escolhida por meio de sorteio em sala de aula e vê o curso como oportunidade profissional.
Meu professor de História trabalha com restauração de documentos e contou um pouco como funciona, então fiquei curiosa. Vejo o curso como uma boa oportunidade no currículo e posso conseguir uma chance de trabalho na área”, conta a estudante.

Outro diferencial do projeto do APEP é a parceria com a Funcap, um exemplo é uma Adolescente de 15 anos que cumpre Medida Socioeducativa de Internação. Para a adolescentes, o curso de “Educação Patrimonial” é interessante por ser uma habilidade que poucas pessoas sabem.

Gosto muito de participar de atividades lá e Aí pedi para a assistente social achar um curso e ela conseguiu. Restauração de documentos é algo completamente novo pra mim, um trabalho que nunca tinha ouvido falar e então é bom saber de algo que poucas pessoas sabem”, defende a adolescentes.

Oportunidade profissional
O curso do primeiro módulo tem início no próximo dia 09.05, e até março do próximo ano 120 pessoas, entre 14 e 65 anos, desenvolverão atividades dentro dos laboratórios do APEP orientadas pelos profissionais da instituição. Divididos em grupos de 20 pessoas por mês, esses alunos irão receber aulas sobre noções básicas de conservação e tratamento documental e formação de conceitos em torno do patrimônio histórico e cultural paraense.

Uma das parcerias é com a Escola Estadual de Ensino Fundamental Carlos Guimarães do bairro da Marambaia, que desenvolve atividades diversas para diferentes faixas de idades e indicou para o curso alunos com deficiência e idosos de até 65 anos. Para a Diretora da instituição, Cristina Arruda, o curso do APEP é um exemplo da necessidade do aluno procurar diversidade de conhecimento. 
Laboratório de restauração do APEP
 
A escola tem que ter visão de aprendizagem como um todo e o aluno deve se preocurar com a diversidade de conhecimento. Isso pode transformar a realidade dele enquanto cidadão e sujeito de sua vida. Estão todos curiosos e ansiosos com isso e sem dúvida é uma janela que se abre”, falou a Diretora Cristina Arruda.

A Fundação da Criança e do Adolescente no Pará – Funcap também está presente no projeto com 30 adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas, dando oportunidade para esses jovens se reinserirem na sociedade por meio da capacitação profissional. 

A Psicopedagoga da Coordenação de Articulação de Políticas Públicas da Funcap, Ana Célia Melo de Araújo, afirma que o objetivo da parceria com o APEP é estimular novos talentos.

A nossa coordenadoria tem como objetivo buscar capacitação para os adolescentes que estão sob proteção da Funcap, e o Arquivo Público busca novos talentos, e quem sabe um deles pode se tornar profissional da área”, defende Ana Célia.

Para uma das Coordenadoras do Projeto e do Laboratório de Conservação e Restauro do APEP, Ethel Soares, as expectativas são as melhores possíveis já que é a oportunidade de estabelecer mão-de-obra qualificada na Amazônia.

As minhas expectativas são as melhores, já que acreditamos muito nesse projeto. Uma das preocupações é quanto ao olhar dessas pessoas em relação à preservação do patrimônio. E espero que das 120 capacitações, pelo menos 30 deles trabalhem na área da preservação, tão escassa em nossa região”, argumenta Ethel Soares.

Sobre o projeto
A Associação dos Amigos do Arquivo Público do Pará (Arqpep) conquistou recurso para o projeto Preservação e Acesso: Proposta de digitalização da documentação colonial existente no APEP, por meio do Edital Caixa Cultural 2010, que entre as suas ações executa a restauração e digitalização de documentos da Secretaria de Governo da Capitania - período colonial do Brasil (1649 a 1823 - séculos XVIII, XIX e XX), além deste curso de Educação Patrimonial que terá inicio efetivo das aulas no próximo dia 02.05. 
 
Os documentos do período colonial em poder do Estado do Pará é o acervo mais antigo e valioso do APEP, reconhecido pela UNESCO em 2010 como Patrimônio Documental da Humanidade.

Texto: Luciana Kellen / Ascom APEP – Arqpep

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